O que é renegociação de dívida

Muitas pessoas tentam procurar empréstimos em outros bancos ou acabam utilizando seu limite máximo de cheque especial ou cartão de crédito somente para cobrir outras dívidas contraídas anteriormente.

Isso deve ser feito somente em último caso, pois os juros do cheque especial ou do cartão de crédito são os maiores. E fazer um empréstimo somente para pagar parcelas de outro débito também é uma péssima opção, pois você ficará com duas dívidas.

Por exemplo, é comum ver pessoas fazendo empréstimos emergenciais para não atrasar parcelas de um financiamento. Em último caso, pode ser a salvação para não perder um bem financiado. Mas, antes de fazer isso, tente renegociar seu financiamento.

Ao renegociar uma dívida é possível conseguir abaixar os juros e consequentemente o valor total pode diminuir e facilitar o pagamento para seu orçamento, ou poderá estender os prazos. Em ambos os casos, conseguirá reduzir o valor das parcelas.

 

Entenda o que é possível renegociar?

A maioria das dívidas que você possui parcelado com instituições financeiras é possível renegociá-las. Isso porque essas companhias já cobram juros bem alto para terem uma margem de lucro excelente e cobrir todos os riscos operacionais com as inadimplências.

Então, se você está em uma situação financeira complicada, está endividado, provavelmente já faz parte de uma porcentagem que o banco defini de clientes que terão dificuldades para pagar seus parcelamentos.

Nesta hipótese, eles já não esperam mesmo receber o pagamento total da dívida, da forma como foi contratada, com todos os juros e parcelas aplicáveis. Logo, uma renegociação é algo vantajoso tanto para o cliente quanto para o banco.

 

Exemplificando e ilustrando, na realidade, uma renegociação de dívidas comum

Pense numa negociação comum entre um pai e filho. O pai empresta dinheiro, por exemplo, quinhentos reais, para ser pago em doze parcelas de cem reais, totalizando uma devolução de mil e duzentos, com setecentos reais de juros, afinal, juros bancários sempre são bem altos, e queremos deixar mais próximo da realidade, ainda que um exemplo hipotético.

Infelizmente, após pagar duas parcelas, seu filho lhe diz que não consegue mais pagar, pois perdeu o emprego. Ainda faltam dez parcelas de cem reais, ou seja, mil reais.

Entretanto, o dinheiro que o pai emprestou seria para o filho terminar os estudos e, mais do que isso, ele quer receber seu dinheiro de volta, pois instituições financeiras se preocupam mais com o lado capitalista do que com o lado sentimental.

Então, o pai faz as contas e verifica que consegue diminuir os juros para seu filho, pois já cobrou juros bem alto. Então, vamos às opções:

A) se abaixar os juros de 700 para 400, então, conseguirá reduzir a parcela de 100 para 80. Nesta alternativa, é possível que o filho consiga pagar as parcelas fazendo alguns bicos ou aceitando um estágio que a faculdade lhe ofereceu.

B) se aumentar o prazo para pagamento, de 10 para 20 parcelas, mesmo que aumente um pouco o juros, poderá reduzir as parcelas para 60. Então será bem melhor para o pai, que receberá mais 20 parcelas de 60, totalizando 1200, mais os 200 que já tinha recebido e então ficará com 1400, um juros de 900 pelo empréstimo dos 500. Para o filho, apesar de o juros ter aumentado, pelo menos ele conseguirá quitar as parcelas com mais facilidade, já que diminuíram de 100 para 60, e o prazo mudou de 10 vezes para 20 vezes.

Vejam que em ambos os casos as parcelas diminuem. Obviamente a opção “A” é bem mais vantajosa, pois quem emprestou dinheiro estará conseguindo uma redução real do valor da dívida contraída, que no exemplo, abaixou de 1200 para 1000, já que pagou 2 parcelas de 100 (total de 200) e irá pagar mais 10 parcelas de 80 (total de 800). Somando o total pago, atinge-se 1000.

E mesmo conseguindo essa redução real dos juros, o banco ainda fica com um ótimo lucro, já que estava pensando que nem ia receber mais nada e ia ter um prejuízo de 300, já que emprestou 500 e recebeu apenas 200. Mas, com a renegociação, ainda irá receber 1000 pelos 500 emprestados, ou seja, o dobro do valor em juros.

Porém, se mesmo assim o cliente não conseguir pagar, então o banco tenta aumentar o prazo para diminuir mais o valor das parcelas. Mas, infelizmente, nesta conta, sempre os juros são maiores.

Dificilmente encontrará uma instituição financeira neste país que aceite reduzir os juros e aumentar o prazo para pagamento. Até mesmo pelo acúmulo da inflação e desvalorização do dinheiro ao longo do tempo, é necessário que sejam cobrados juros maiores para que essas taxas inflacionárias sejam repassadas aos clientes.

Apesar de ser menos vantajosa a opção “B”, ainda assim pode ser excelente para que o cliente consiga parcelas menores, que cabem no seu bolso, para poder arcar com o pagamento da dívida até o final.

Principalmente em caso de financiamento de veículos ou imóveis que, em caso de inadimplência, pode ocorrer a perda dos bens.

 

Consequências da inadimplência

Muitos acreditam que pessoas devedoras simplesmente ficam com o nome sujo e não ocorre mais nada além disso e que isso não representa nenhum problema para sua vida.

Esse é um engano perigoso do senso comum, pois pessoas que deixam de pagar suas dívidas bancárias sofrem uma série de consequências, entre elas:

  • perda do poder de compra, já que sempre ao tentar novos parcelamentos, ainda que em estabelecimentos distintos dos financeiros, como supermercados e lojas, terá mais dificuldades para conseguir parcelar suas compras, precisando obrigatoriamente comprar à vista.
  • dificuldade para abrir conta em outro banco, ou para conseguir mais crédito liberado em outras financeiras, mesmo nas que informam que o empréstimo é concedido sem consulta, isso é somente um termo de propaganda, pois sempre realizam consultas aos órgãos de cadastro de crédito do consumidor.
  • com seu perfil financeiro “manchado”, você poderá até encontrar dificuldade para obter um outro emprego, caso as empresas façam essa pesquisa no perfil do candidato.
  • poderá perder bens, ainda que não seja um financiamento de automóvel ou imóvel, se o valor do empréstimo é considerável, poderá perder outrosbens em seu nome, que usou como garantia para realização do empréstimo, pois a dívida já foi contraída com segurança, mediante a alienação de outro bem, em poder do banco.
  • ainda que não tenha feito empréstimo com garantia, o banco poderá exigir em Juízo a tomada de bens em seu nome, caso seja comprovada a inadimplência e a sua propriedade.

Por essas consequências, o melhor a se fazer, antes de ficar endividado, é tentar uma renegociação das dívidas, evitar fazer novas parcelas desnecessárias, reduzir o consumo e até mesmo o padrão de vida por algum período para economizar, e visando quitar todas as inadimplências da melhor forma possível.

Então, sempre antes de realizar novos empréstimos, financiamentos, parcelamentos, tente pensar bem no futuro e na sua situação atual para não comprometer toda sua renda e não prejudicar o orçamento familiar.

Seguindo essas dicas, conseguirá sair das dívidas e levar uma vida financeira saudável e consequentemente uma melhor vida social, sem stress das contas que não está conseguindo pagar e com o nome limpo para poder manter-se sendo um cidadão bem visto no convívio social e crescendo financeiramente.